“Ide por todo mundo, Proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15)

Importância de uma boa Confissão

A vida cristã é, por essência, um chamado à conversão contínua. Somos convidados, desde o nosso batismo, a caminhar na graça e a permanecer unidos a Cristo. No entanto, todos somos frágeis e, frequentemente, caímos. Deus, em sua infinita misericórdia, nos oferece um caminho seguro de reconciliação: o Sacramento da Confissão, também chamado de Reconciliação ou Penitência.

O pecado nos afasta de Deus, rompe nossa comunhão com Ele e fere também a comunhão com a Igreja. A confissão é, portanto, muito mais do que um desabafo ou uma formalidade religiosa, ela é um ato de fé na misericórdia de Deus e um reencontro com o Pai que nos ama e perdoa.

Fundamento Bíblico e Doutrinário

O Sacramento da Penitência tem seu fundamento direto nas palavras do próprio Cristo ressuscitado aos Apóstolos:

“Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os retiverdes, serão retidos.” (Jo 20,22-23)

Jesus institui, aqui, o poder de perdoar os pecados, conferido aos Apóstolos e, por sucessão, aos sacerdotes. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos ensina:

“Aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da misericórdia de Deus o perdão dos pecados cometidos contra Ele e, ao mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja.” (CIC, §1422)

Portanto, a confissão é sacramento instituído por Cristo, e não uma prática opcional ou ultrapassada.

O Que É Confessar-se?

Confessar-se é reconhecer-se pecador diante de Deus e da Igreja. É um ato de humildade e fé, no qual apresentamos nossos pecados ao sacerdote, que age “in persona Christi”, ou seja, na pessoa de Cristo. O sacerdote não é um juiz humano, mas um canal da misericórdia divina.

São João Maria Vianney, o padroeiro dos párocos, dizia:

“O bom Deus sabe tudo. Mas Ele quer que você diga, para que você se humilhe, para que você se conheça.”

Confessar-se não é apenas “dizer os pecados”, mas é participar de um verdadeiro processo de conversão, que envolve:

  1. Exame de consciência
  2. Contrição (arrependimento sincero)
  3. Propósito de emenda
  4. Acusação dos pecados ao sacerdote
  5. Cumprimento da penitência

O Valor da Confissão Frequente

Mesmo quando os pecados não são mortais, a confissão frequente é altamente recomendada. Ela nos purifica, fortalece, e nos educa espiritualmente. O Catecismo afirma:

“A confissão regular dos pecados veniais ajuda a formar a consciência, lutar contra as más inclinações, deixar-se curar por Cristo e progredir na vida do Espírito.” (CIC, §1458)

O Papa São João Paulo II dizia:

“A confissão frequente é o caminho seguro para crescer na santidade.”

E Santa Teresa de Calcutá afirmava com convicção:

“Confesse-se como uma criança, com simplicidade e pureza de coração. Deus perdoa com amor, não com dureza.”

Por Que Muitos Evitam a Confissão?

Infelizmente, muitos católicos deixaram de confessar-se. Alguns por vergonha, outros por desconhecimento, outros ainda por achar que podem “falar diretamente com Deus”. De fato, podemos e devemos conversar com Deus sempre. Mas a confissão sacramental é o meio ordinário instituído por Cristo para perdoar os pecados cometidos após o batismo.

O saudoso Papa Francisco nos alerta:

“Não se esqueçam: Deus nunca se cansa de nos perdoar. Somos nós que nos cansamos de pedir perdão.”

E também acrescenta:

“O confessionário não é uma sala de tortura, mas o lugar da misericórdia.”

Confissão e Comunhão

Muitos católicos ainda recebem a Eucaristia sem a devida confissão, mesmo estando em pecado mortal. Essa prática é grave. O Catecismo orienta com clareza:

“Quem tem consciência de ter cometido pecado mortal não deve receber a sagrada comunhão, mesmo se experimenta grande contrição, sem ter antes recebido a absolvição sacramental.” (CIC, §1457)

Ou seja, para que a comunhão seja válida e frutuosa, é necessário estar em estado de graça.

A Confissão e a Cura Interior

O pecado fere a alma. A confissão não apenas apaga a culpa, mas cura a ferida. São Padre Pio de Pietrelcina, que passava longas horas no confessionário, dizia:

“O confessionário é o tribunal da misericórdia divina. Nele, as almas recuperam a paz.”

Além disso, a confissão é como um banho espiritual que limpa as impurezas do coração, como afirmava São Francisco de Sales:

“A confissão é um ato de amor. Através dela, renovamos nossa alma com o sangue de Cristo.”

Confessar-se é Amar

Confessar-se não é apenas um dever, é um ato de amor a Deus. Quando nos confessamos, estamos dizendo: “Senhor, pequei, mas Te amo; quero recomeçar; preciso de Ti.” Deus, por sua vez, não se cansa de acolher seus filhos arrependidos.

A parábola do filho pródigo (Lucas 15,11-32) ilustra bem isso. Deus é o Pai que corre ao encontro do filho, o abraça, o restitui à dignidade e faz festa. Esse é o coração de Deus: um coração que perdoa sempre.

Conclusão: Um Convite à Confissão

Não importa há quanto tempo você não se confessa. Não importa o que você fez. Deus está esperando por você. A Igreja está de portas abertas. O confessionário é o lugar do recomeço.

Não tenha medo de se confessar. Como disse Santa Faustina Kowalska:

“Quanto maior o pecador, tanto mais direito tem à minha misericórdia.” (Diário, n. 723)

Confessar-se é reatar o laço com Deus, reavivar a fé, renovar a alma. Não deixemos a graça passar. A confissão é a chave para a paz verdadeira, para o crescimento espiritual e para a amizade com Deus.

Que possamos dizer como o salmista:

“Feliz aquele cuja falta é perdoada, cujo pecado é coberto!” (Sl 32,1)

E que cada confissão seja, para nós, um novo começo, um novo passo rumo ao